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Idoso morre atropelado por filho de prefeito em estrada de Aurora, no Interior do Ceará

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Um idoso de 74 anos morreu na manhã desse domingo (4) após ser atropelado em um trecho da rodovia estadual CE-153, em Aurora, no Interior do Ceará. Francisco Carneiro de Araújo, conhecido na região como "Chico de Matias", fazia sua caminhada matinal de rotina do outro lado da linha de bordo obrigatória — no local, asfaltado em 2023, não há acostamento — quando foi surpreendido por um veículo que, segundo testemunhas, trafegava em "zigue-zague".

"Falaram que ele [Francisco] foi arremessado mais de 100 metros", relatou ao Diário do Nordeste o filho da vítima, o fotógrafo Jucivan Moreira, 27. Segundo ele, o impacto da colisão foi tão forte que o corpo do pai chegou a ser decapitado.

Nem um adeus foi possível, [o velório] teve de ser com caixão fechado".
Jucivan Moreira
Filho da vítima

O atropelamento foi causado pelo filho do prefeito de Aurora, Marcones Tavares de Luna. Testemunhas apontam que o motorista estava embriagado e não prestou socorro à vítima. "Não prestou socorro, saiu do carro tirando onda, dando risada, estava altamente alcoolizado e drogado", indignou-se Jucivan.

Motorista se apresentará à Polícia

A defesa de Marcones Tavares Filho afirmou que ele se apresentará espontaneamente à Polícia ainda nesta segunda-feira (5). Ele negou que ingeriu bebida alcoólica e disse que, na ocasião, dava uma carona para um amigo. Além disso, justificou que não prestou socorro porque foi para o hospital tratar "escoriações e contusão na cabeça".

O veículo envolvido na colisão, segundo a família de Francisco, era alugado e servia para atender a demandas da Prefeitura. O Diário do Nordeste apurou que o carro, um Toyota Corolla Cross, pertence à empresa Ágil Transporte e Logística LTDA, especializada em transporte rodoviário de cargas fracionadas e encomendas expressas.

A defesa de Marcones, porém, sustenta que o automóvel é "particular" e pertence ao prefeito. Questionada pela reportagem sobre o registro de propriedade do bem, os advogados disseram que "houve uma aquisição recente" da empresa por parte de Marcones: "Houve uma aquisição recente por parte do pai, do meu cliente, a essa empresa, e já existe toda a tramitação administrativa para fazer a mudança, mas o carro era do proprietário, do pai, não dele [Marcones Filho] e muito menos vinculado à Prefeitura".

Sobre o que teria motivado o acidente, a defesa argumenta que a via está "recém-pavimentada" e que, por isso, pessoas que habitualmente caminhavam pelo local não teriam absorvido a mudança e continuariam a transitar no meio da faixa de rodagem. "O acidente se deu em um local de curva. A vítima estava no centro da pista", sustentou.

Defesa alega que veículo respeitava o limite da via

Embora a família ressalte que o impacto da colisão foi tão grande que destruiu a parte frontal do veículo e arremessou a vítima para longe, a defesa do motorista diz que compareceu ao local e "não identificou sinal de que a vítima foi arrastada".

Os advogados também afirmam que o veículo trafegava "respeitando o limite da via". "A defesa nega que Marcondes Filho esteve em vaquejada, compreende a gravidade do acidente, bem como lamenta e externa condolências aos familiares e amigos", completaram, sem que a reportagem tivesse questionado sobre onde o motorista estava antes.

Segundo os filhos de Francisco, nenhum tipo de assistência foi oferecido à família. "Assistência zero, nenhum apoio, nenhuma foto de luto [na rede social da Prefeitura]. Meu pai era um dos eleitores mais fortes dele [Marcones Tavares]. Sempre ajudou, chamou para almoçar", lamentou Jucivan. "Falei com ele sábado, liguei, estava alegre, satisfeito. E foi arremessado. Isso acabou com a nossa vida", completou o enlutado.

Polícia trata o caso como 'morte acidental'

O caso é tratado pela Delegacia Seccional de Juazeiro do Norte como "morte acidental no trânsito".

O Diário do Nordeste questionou a SSPDS sobre diversas lacunas da investigação, como, por exemplo, se o principal suspeito do atropelamento já havia sido ouvido pela Polícia, se o caso era tratado como suspeita de homicídio culposo — devido à possibilidade de ingestão alcoólica pelo motorista —, se a perícia conseguiu constatar a velocidade que o veículo empregava no momento da colisão, se o automóvel pertencia à frota oficial da Prefeitura e por que a assistência demorou para chegar ao local do acidente — segundo a família da vítima, levou quase quatro horas para que alguma autoridade de segurança aparecesse.

A pasta, no entanto, não respondeu a nenhuma das perguntas.

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