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"Ceará e Piauí vão liderar a corrida do hidrogênio verde no Brasil e no mundo", diz presidente da Solatio

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"O Ceará é um estado que vai dar certo, tem tudo para isso. Os jogadores que estão lá, em primeira linha, são super sérios e competentes. Com certeza, Ceará e Piauí vão liderar a corrida de hidrogênio verde no Brasil e no mundo. O único problema é que, no ano da COP30 no Brasil, isso já poderia estar ocorrendo desde 2024".

A análise é do presidente da Solatio, Pedro Vaquer, empresário espanhol que deu o pontapé inicial para inaugurar a primeira usina de hidrogênio verde do Brasil, localizada no município de Parnaíba, no Piauí, dentro da Zona de Processamento de Exportação (ZPE). Isso sem ter recebido ainda o aval do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) para integrar o projeto à rede.

Vaquer conversou com o O Otimista, durante a Brazil Energy Conference, realizada em Teresina, de 4 a 7 de junho. O evento reúne lideranças públicas, empresariais, acadêmicas e representantes da sociedade civil para pensar o futuro energético do País.

Em Parnaíba, a expectativa é que o projeto da Solatio receba investimento de R$ 29,3 bilhões. A primeira etapa das obras da usina de hidrogênio verde piauiense, já apontada como "a maior do mundo", começaram no último dia 30 de maio. De acordo com Pedro Vaquer, se todos os trâmites legais ocorrerem no prazo previsto, a usina entrará em operação até o fim de 2028 ou começo de 2029.

O Otimista - A Solatio iniciou as obras da primeira usina de hidrogênio verde do Brasil, no Piauí, no dia 30 de maio. Quanto já foi investido no projeto?

Pedro Vaquer - Já investimos mais de R$ 100 milhões neste projeto. Boa parte foi desse valor foi para a engenharia da obra, que é gerenciada pela Worley.

O Otimista - Qual o maior desafio de dar o pontapé inicial na corrida do hidrogênio verde no Brasil?

Vaquer - Não temos nem ideia. Ninguém nunca no mundo, até agora, fez um projeto como esse. Estamos nos propondo a fazer a maior usina de hidrogênio verde do mundo. Por isso, o mais desafiador é tudo.

O Otimista - O senhor não acha arriscado começar uma obra desta natureza sem uma definição, já que o projeto ainda não tem o aval do ONS?

Vaquer - Eu gosto de riscos. Mas o ONS tem até o dia 20 de junho para definir essa questão, para assinar esse papel dando o aval.

O Otimista - Mas o que fez o senhor apostar tão alto?

Vaquer - Foi a promessa do governador (do Piauí, Rafael Fonteles), porque eu confio na palavra dele. Agora, eu não confio em quem tem prometido a ele, em quem governa o setor de energia elétrica no Brasil. Como o governador me explicaria isso, se o presidente Lula lhe prometeu esse parecer, nos fazendo começar as obras, no ano da COP30, e o papel do ONS não vem?

O Otimista - Caso a empresa não receba o aval do ONS, para a devida conexão do projeto ao sistema elétrico, qual será o impacto? É possível estimar?

Vaquer - Será uma catástrofe. Para todo mundo. Mas o que significa isso? Não sei.

O Otimista - O senhor desistiria do projeto?

Vaquer - Eu jamais desisto.

O Otimista - Vamos ser otimistas... A usina será instalada numa área de 154 hectares e poderá gerar até 3 gigawatts (GW) por ano. Qual a expectativa de empregos diretos quando estiver em plena operação?

Vaquer - Para a primeira fase da usina, vamos precisar de 7 GW de energia solar para viabilizar 1,5 GW de hidrogênio verde. E esse volume deverá vir de outros negócios da Solatio, sobretudo de Minas Gerais. Quanto aos empregos, esperamos cerca de 6 mil diretos, na fase de operação. Não durante a construção.

O Otimista - Isso geraria um impacto significativo na população de Parnaíba, já que muitos desses futuros trabalhadores têm famílias...

Vaquer - Estimamos de 25 a 35 mil pessoas a mais em Parnaíba, considerando esses núcleos familiares.

O Otimista - Qual deverá ser o custo médio de produção do hidrogênio verde da Solatio?

Vaquer - Cerca de US$ 3 por quilo. É um preço já compatível com o hidrogênio cinza.

O Otimista - Além do hidrogênio verde, há expectativa para produção de outros insumos?

Vaquer - Temos certeza de que vamos produzir hidrogênio verde. Mas se vamos produzir também amônia, fertilizante, metanol ou até mesmo aço, considerando que poderemos atrair uma siderúrgica para a ZEP, isto provavelmente será definido após termos o aval do ONS. Compradores para esses produtos não nos preocupa, porque todo mundo quer. Não vão faltar compradores. Temos conversado com esse pessoal todo.

O Otimista - E quanto à possível exportação do hidrogênio verde produzido pela Solatio?

Vaquer - Eu gostaria de fazer tudo no Brasil, não gostaria de exportar e nem importar nada. Nós vamos produzir. Para mim, o que seria ótimo? Que essa produção fosse usada no mercado interno. No caso dos fertilizantes, que fosse usado no Piauí e em todo o Nordeste. Seria o melhor dos mundos. Isso tudo vai depender de decisões políticas que eu não controlo.

O Otimista - Já que o senhor falou em decisões políticas, sabemos do seu total alinhamento com o Governo do Piauí...

Vaquer - Totalmente alinhado. Acredito na capacidade do governo estadual de implementar a coerência, pois os nossos estudos técnicos mostram que o projeto da usina de hidrogênio verde é viável.

O Otimista - Hoje, no Nordeste, são muitos projetos para a produção de hidrogênio verde, notadamente no Ceará. Por que, na opinião do senhor, é tão difícil de tirá-los do papel?

Vaquer - Projetos de verdade não recuam. Os que recuam são os PowerPoints. E hoje, no Brasil, 99% do hidrogênio verde é PowerPoint. Desses projetos, principalmente no Nordeste, quantas obras começaram?

O Otimista - Mas como o senhor vê o Ceará nessa corrida pelo hidrogênio verde, tendo em vista o interesse de grandes empresas nacionais e internacionais em fazer parte do projeto no Estado?

Vaquer - "O Ceará é um estado que vai dar certo, tem tudo para isso. Os jogadores que estão lá, em primeira linha, são super sérios e competentes. Com certeza, Ceará e Piauí vão liderar a corrida de hidrogênio verde no Brasil e no mundo. O único problema é que, no ano da COP30 no Brasil, isso já poderia estar ocorrendo desde 2024".

O Otimista - A Solatio cogitaria investir também, futuramente, no Ceará?

Vaquer - Por enquanto, estamos completamente focados aqui, no Piauí. Mas o Ceará também será um sucesso no mercado de hidrogênio verde.


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